Pesquisas

Discurso e representação nas políticas de currículo

Este projeto visa a investigar o discurso da política de currículo para o ensino médio durante o período 2003-2010, na vigência do governo Luís Inácio Lula da Silva. Com base na teoria de Ernesto Laclau, em alguns momentos apoiado por Chantal Mouffe, procuramos explorar a compreensão da política de currículo como luta discursiva pela constituição de representações. Se entendemos a negociação nas políticas de currículo como articulação discursiva, estamos afirmando que alguns grupos sociais particulares são capazes de se articular entre si, provisória e contingencialmente, na defesa de suas diferentes demandas curriculares. Dessa maneira, constituem dadas representações para o currículo. Tornam-se, então, questões gerais de pesquisa neste projeto: como entender as atuais lutas por representação nas políticas de currículo para o ensino médio? Como investigar os sentidos que circulam na constituição dessas representações? Que discursos favorecem determinados sentidos nas políticas? Serão particularmente investigados os significantes inovação / mudança curricular, qualidade da educação, melhores práticas, bem como as diferentes adjetivações para o currículo: flexível, dinâmico, diversificado, criativo, compatível com as exigências da sociedade contemporânea. Procuraremos entender as disputas no processo de fixação de sentidos desses significantes, bem como as flutuações de sentido que favorecem um dado discurso por intermédio da análise das metáforas e metonímias. Para essa análise, serão focalizados os documentos curriculares difundidos pelo MEC no período citado, com ênfase nas Orientações Curriculares para o Ensino Médio, na proposta de Ensino Médio Inovador e no Programa Currículo em Movimento. Com base em Stephen Ball, esses documentos são entendidos como produção de múltiplos contextos sociais atuantes na política e como tentativas de representação das políticas. Desenvolveremos nossa argumentação tendo em vista que, na teoria do discurso, toda representação implica uma relação de constituição mútua entre representante e representado, na qual é impossível haver uma pura transparência. No processo democrático, não podemos escapar à representação, mas podemos inserir sua análise em uma contingência radical. No caso em questão, trabalharemos com a hipótese de que as representações da política são construídas pela articulação de elementos discursivos de tradições, na acepção de Chantal Mouffe, curriculares relativas: ao conhecimento e às disciplinas escolares, à diversidade cultural, à centralidade dos conteúdos marcados pelo viés crítico-social, mas também relativas às demandas vinculadas ao discurso científico-tecnológico e às competências.

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Período: 2011 a 2015

Coordenador(es): Alice Casimiro Lopes

Equipe: Bruno Silva Godoy ● Camila Costa Gigante ● Danielle de Almeida Galante Ferreira ● Denise de Sousa Destro ● Érika Virgílio Rodrigues da Cunha ● Geniana dos Santos ● Hugo Heleno Camilo Costa ● Jean Mac Cole Tavares Santos ● Lívia Moura Cardoso Bastos de Farias ● Marcia Betania de Oliveira ● Priscila Campos Ribeiro ● Rafaela de Sousa Paiva ● Rosanne Evangelista Dias ● Rozana Gomes de Abreu ● Soledad Andrea Casttilho Trittini ● Veronica Borges ●

Financiamentos:
Outros financiamentos: CNPq, Faperj e Uerj
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