Pesquisas

A formação docente (impossível): o político, o sujeito e a responsabilidade

Este projeto se vincula “à crítica aos fundamentos fixos” e a aposta na contingência desses fundamentos o que oportuniza o questionamento frontal da noção clássica de identidade. As principais noções a serem discutidas são: o sujeito, o político e a responsabilidade e a formação impossível. A ideia de sujeito a ser desenvolvida está marcada pelo caráter descentrado e pela falta constituinte, operando como mais um significante para outros significantes (FINK, 1998). Nesse sentido, os autores que irão subsidiar esse estudo encontram-se em um enquadre pós-estrutural, em uma perspectiva discursiva e com incorporações da psicanálise tais como Ernesto Laclau, Chantal Mouffe, Jason Glynos, Yannis Stavrakakis e Bruce Fink, para nomear alguns autores internacionais. No âmbito nacional e do campo das políticas curriculares, acompanhamos a discussão de Alice Lopes, Elizabeth Macedo tendo em vista as incorporações da perspectiva discursiva ao campo do currículo, bem como pelo intenso debate que ambas fomentam no campo da Educação como um todo. Por sua vez, o conceito de responsabilidade será discutido através das contribuições do pensamento derridiano. O caráter impossível da formação docente será desenvolvido com/contra a psicanálise como também com a perspectiva discursiva de Ernesto Laclau.

Esta investigação tem a pretensão de problematizar análises das políticas curriculares que se pautam por um esforço de mostrarem unívocas, coerentes, e/ou, por denunciarem as contradições como se estas fossem um “mal” a ser evitadas e combatidas. Assumimos, com esse projeto de pesquisa, uma condição nada confortável tampouco segura, de  que as disputas por significação envolvem uma radical tomada de decisão em terreno indecidível. No que se refere à ideia de “formação” (docente), a partir de investigações em andamento e concluídas na linha de pesquisa Currículo: conhecimento, sujeito e cultura, ressaltamos os diferentes modos de compreender como esses atos de poder têm se fixado no campo das políticas de currículo para formação de professores. De partida, questionamos a noção de identidade docente e de teorias e práticas ancoradas na fixação de sentidos, ao mesmo tempo, apostamos no descentramento do sujeito e no seu caráter de incompletude. Assim, reconfiguramos o caráter necessário desse ato de poder que, retrospectivamente, pode ser justificado (e assim têm sido a tradição do campo) por lógicas racionalistas, cientificistas, causalistas que estabelecem conexões incontestes como se assim fosse. Nossa entrada neste debate implica destacar seu caráter ambivalente, ou seja, propomos-nos a investigar o caráter contingencial das tomadas de decisões. Nunca “natural”, nunca necessária em si. Desse modo, apontamos para a ênfase nos traços que lhe estão impressos. Parece-nos ser mais produtivo investigar esses atos de poder em seu caráter não racional e colocar em discussão a responsabilidade defendida por Derrida (2006b). Uma responsabilidade que se afasta da lógica da aplicação de regras, do conforto/segurança que se apresenta quando há possibilidade de vincular causas/efeitos.


Início: 2021

Coordenador(es): Veronica Borges

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