Livros

Currículo: Debates Contemporâneos

Ano: 2002

Organizador(es): Alice Casimiro Lopes e Elizabeth Macedo

Editora: Cortez

Número de Páginas: 237

ISBN: 8524908939

Apresentação:

Como nenhuma outra especialização em educação, influenciada como é pelas humanidades, artes e teoria social, currículo é uma área interdisciplinar híbrida de teoria, pesquisa e prática institucional.

Pinar, 1996: 865

As discussões sobre currículo vêm assumindo maior importância nos últimos anos no Brasil, principalmente em função das variadas alterações que as propostas curriculares oficiais vêm buscam trazer às escolas. Associada a essa centralidade, vemos surgir uma multiplicidade cada vez maior de referências para o campo do currículo, tornando difícil, inclusive, a sua delimitação. Assim, as referências à psicologia, primordiais até os anos 70, ou à sociologia marxista, que ganhou força na década de 80, são substituídas por uma variedade maior de perspectivas de análise. Especialmente relevantes são as discussões que apontam para as transformações por que vêm passando as sociedades atuais, nas quais fenômenos de globalização econômica, de mundialização da cultura e de redução das distâncias espaço-temporais convivem com a substituição das identidades-mestras, baseadas na idéia de nação, por identidades locais, muito mais plurais. Nesse contexto, a produção do campo do currículo volta-se para temáticas bastante diversas, algumas das quais abordamos neste livro.

Inicialmente, o texto de Alice Casimiro Lopes e Elizabeth Macedo mapeia as principais tendências do campo do currículo no Brasil, dando especial relevo aos grupos hegemônicos na década de 90. Na medida em que uma das principais características deste campo parece ser o hibridismo de tendências e de discursos, Inés Dussel nos apresenta uma genealogia do termo, finalizando com uma reflexão das contribuições que esse conceito confere à compreensão das práticas institucionais área de currículo.

Em seguida, algumas das principais tendências apontadas por Lopes e Macedo são abordadas em textos específicos. Nilda Alves e Inês Barbosa de Oliveira discutem o conceito de rede em suas inter-relações com o campo do currículo, enfatizando as contribuições da pesquisa sobre cotidiano escolar para o entendimento desse campo. Sandra Corazza nos apresenta um panorama das discussões do pós-estruturalismo e de suas contribuições para se pensar o currículo. Mariano Palamidessi nos traz um exemplo da utilização da teorização pós-estruturalista à análise do controle do tempo no currículo escolar argentino numa perspectiva histórica, contribuindo assim para o entendimento do campo do currículo na Argentina a partir das práticas institucionais.

Em virtude da atual centralidade da cultura na teoria social e no campo do currículo em particular, reunimos quatro textos que focalizam detidamente as relações entre currículo e cultura. Marisa Vorraber Costa apresenta as contribuições dos estudos culturais para as questões curriculares. Os outros três textos ressaltam mais diretamente a temática da cultura e da diferença. Maria de Lourdes Tura traz a discussão da circularidade de culturas que compõem o ambiente escolar, enquanto Ana Canen nos ajuda a refletir sobre a diversidade cultural presente nesse ambiente. Carlos Skliar, de uma perspectiva pós-colonial, tematiza o lugar do outro na teoria pedagógica. Nas discussões sobre a centralidade da cultura, devem ser destacadas as relações entre tecnologias da informação e da comunicação e o currículo. Raquel Goulart Barreto dedica-se, por fim, a essa investigação, destacando sua apropriação educacional na atualidade.

Com a diversidade de perspectivas que apresentamos neste volume, não tencionamos esgotar o panorama do pensamento curricular contemporâneo, se é que isso é possível de alguma maneira. Certamente, outras temáticas ainda poderiam ser enumeradas. Procuramos, no entanto, selecionar aquelas que vêm se apresentando como mais representativas, aquelas que abrem possibilidades teóricas e metodológicas para uma ampla de gama de questões no campo do currículo.

Tencionamos, sobretudo, que esses textos possam servir de base para uma introdução ao campo do currículo, facilitando o tão desejável diálogo entre pensamento curricular e prática institucional. Não se trata de fazer do pensamento curricular a prescrição para a prática institucional, tampouco de considerar que sua função é iluminar a compreensão do cotidiano escolar. Ressaltamos, porém, o quanto se fazem necessários a reflexão e o debate em torno das questões curriculares sem estabelecer dicotomias entre pensamento e prática. Especialmente, visando desconstruir as verdades de um conhecimento que com o rótulo de oficial desconsidera muitas vezes tanto a prática quanto o pensamento curricular.

Alice Casimiro Lopes & Elizabeth Macedo

Sumário: Apresentação Alice Casimiro Lopes & Elizabeth Macedo [9] O pensamento curricular no Brasil Alice Casimiro Lopes & Elizabeth Macedo [13] O currículo híbrido: domesticação ou pluralização das diferenças? Inês Dussel [55] Uma história da contribuição dos estudos do cotidiano escolar ao campo de currículo Nilda Alves & Inês Barbosa de Oliveira [78] Diferença pura de um pós-currículo Sandra Mara Corazza [103] Tempo e currículo: o quadro de horário e a distribuição escolar das ocupações Mariano Palamidessi [115] Poder, discurso e  política cultural: contribuições dos estudos culturais ao campo do currículo Mariano Palamidessi [115] Conhecimento escolares e a circularidade entre culturas Marisa Vorraber Costa [133] Conhecimento escolares e a circularidade entre culturas Maria de Lourdes Rangel Tura [150] Sentidos e  dilemas do multiculturalismo: desafios curriculares para o novo milênio Ana Canen [174] A educação que se pergunta pelos outros: e se o outro não estivesse aqui? Carlos Skliar [196] A apropriação educacional das tecnologias da informação e da comunicação Raquel Goulart Barreto [216]

Referências Bibliográficas:

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