Esse estudo, desdobramento/deslizamento da pesquisa Múltiplos contextos de produção curricular: conexões, conflitos e ações da Multieducação no cotidiano escolar (FAPERJ, CNPQ 2010), objetiva analisar, no processo de produção cíclica da política curricular (Ball, 1992), a micropolítica da escola na tensão/negociação com as instâncias de mediação propostas pela SME/RJ – as coordenações (no caso da escola, na figura do coordenador pedagógico e no caso da rede, as coordenadorias regionais). Assenta-se na compreensão do currículo como articulação/produção de significados, destacando sua dimensão discursiva. Analisar as forças que engendram as disputas de sentidos e as estratégias criadas para manutenção de um dado sentido se configura como mote para essa pesquisa. Assim, assume-se como conceito de partida para análise da política curricular a noção dessa política como texto e discurso e a não polarização entre política e prática. Ao privilegiar as instâncias de mediação – as coordenações – se discute, com base em Ball (1992, 1998), os ajustes secundários nas tentativas de fixação de sentidos das políticas e os movimentos incitados pela disputa desses. Esse projeto apóia-se na perspectiva de Ernesto Laclau (1998) quando esse defende que as políticas são produções político-discursivas, cuja matriz é a contingência. A discussão sobre ciclo contínuo de políticas de Stephen Ball se sustenta do ponto de vista metodológico pela preocupação central do autor com a recontextualização e a produção de novos sentidos nas políticas que ocorre nas escolas. O entendimento de políticas de currículo como produção político-discursiva reforça o argumento de que são a partir das negociações e disputas que os sentidos e interesses se hibridizam na formulação curricular, evidenciando sua condição de processo político inacabado. É no ato de negociar que significados são construídos dialogicamente, muitas vezes construídos com base em consensos conflituosos, uma vez que os sentidos são instáveis, fluidos e permeados por demandas e interesses distintos e nesse caso, a ênfase dada às instâncias de mediação se dá porque dessas, em sua origem (criação/atribuição de funções), se definirem como sujeito/local da negociação. Para tanto, a pesquisa vale-se também dos estudos de Bhabha (2003) para articulação da noção de hibridização e negociação com que argüimos as políticas/práticas curriculares analisadas: que negociações e hibridizações se produzem nos conflitos, conexões e ações da política curricular do município do Rio de Janeiro? Assim, com base na articulação dos estudos de Laclau, Bhabha e Ball objetiva-se entender a micropolítica desse processo, nas enunciações curriculares entre/das coordenadorias, coordenadores pedagógicos com professores/ escolas da rede municipal de Educação. Este estudo desenvolvido no âmbito do GRPESQ “Currículo, Formação e Educação em direitos humanos (Proped/FEBF -UERJ)” se articula, pela partilha de referenciais teórico-metodológicos, com as ações desenvolvidas no GRPESQ “Currículo, cultura e Diferença” (Proped/UERJ), focalizando na análise das articulações, negociações dos múltiplos contextos de produção curricular no município do Rio de Janeiro, possibilidades onde podemos tecer coletivamente experiências curriculares inspiradas numa democracia agonística.
Período: 2012 a 2015
Coordenador(es): Rita de Cássia Frangella
Financiamentos: